Professor utiliza games para aproximar aulas da realidade dos alunos


Imagem de League of Legends em uma prova fez sucesso na internet

Lembro que no Ensino Médio tinha um professor de Física tão ruim, mas tão ruim, que além do desinteresse, desenvolvi um certo asco pela matéria. Ele andava pela sala como um ditador frustrado e fazia da classe o seu pequeno reino do terror. Resultado: colei em todas as provas, passei riscando a média pelos três anos e se você me perguntar quais as leis de Newton, vou responder “batata”.

Entretanto, esta não é a realidade de diversos alunos brasileiros graças ao empenho dos profissionais de ensino em tornar o conteúdo muitas vezes indigestos de determinadas aulas em algo mais palatável à realidade dos jovens.

Nas últimas semanas, uma imagem mostrando um personagem de League of Legends como o exemplo de um exercício em uma avaliação fez sucesso na internet e, após rastrear o conteúdo até sua fonte, consegui bater um papo com o professor Lucas Benjamim Amaral Oliveira – também conhecido como Kajuru – que oferece uma perspectiva diferente ao ensino, unindo os games com suas aulas.



QUESTÃO QUE ENVOLVIA PERSONAGEM DE LEAGUE OF LEGENDS SURPREENDEU OS ALUNOS

Save Game: De onde surgiu a ideia de unir os games com a matéria que ensina e quais as maneiras com que costuma fazer isso?

Kajuru: A ideia de unir a física com jogos surgiu da necessidade de aproximar a matéria com a vivência dos alunos. Uma das grandes dificuldades enfrentada por nós professores ultimamente, é o fato de que cada vez mais as matérias estão ficando menos atrativas aos olhos de uma juventude que possui acesso à internet. Vejo que a falta de interesse em aprender se deve ao fato de que o aluno não consegue associar algo de interesse dele com a matéria. Visto isso, naquela questão, tentei unir o útil ao agradável.

SG: Você acabou comentando que foram seus alunos que lhe apresentaram League of Legends. Como isso aconteceu? Você já tinha algum contato com os games antes?

Kajuru: Sempre gostei bastante de games. Nunca fui um dos melhores jogadores, mas dava pro gasto, rs. Foi há 3 anos que comecei a jogar o League of Legends. Realmente comecei porque os alunos comentavam e sugeriam para que eu jogasse. Felizmente ou infelizmente, rs, um “vício”. Gosto muito do jogo, embora tenha que ficar aguentando as piadas dos alunos sobre meu ELO (ainda sou B4).

SG: Quais são os pontos positivos da união dos games aos exercícios que você propõe em suas aulas?

Kajuru: A união do cotidiano dos alunos com a matéria sempre é algo comentando em reunião pedagógicas. Mas a pergunta que a gente acaba não fazendo é: “Será que sabemos qual o cotidiano do nosso aluno?” Olhando para esse ponto, venho tentando adequar, sempre que possível, algo de tecnologia e entretenimento em minhas aulas. Como o caso da questão do Malphite, não é uma questão complexa, na verdade, eu poderia ter usado a famosa expressão na Física: “Um móvel de massa…”, mas como foi gostoso e gratificante ver a cara de surpresa dos alunos ao lerem uma questão que começava contando a história do LoL.



SG: Você já enxergou algum ponto negativo nesta prática?

Kajuru: Claro que nem tudo é só alegria. Ainda vejo dificuldades em elaborar uma questão de nível mais complexo utilizando esse “novo cotidiano” dos alunos. Geralmente questões desse tipo exigem uma complexidade de raciocínio e de cálculos matemáticos que ainda não consegui incluir, mas quem sabe o que o futuro nos aguarda.

Kajuru leciona para alunos de 14 até 19 anos em diversas instituições de ensino no interior paulista (Colégio Marista de Ribeirão Preto, Colégio Renascer COC de Sertãozinho, Colégio Ressurreição de Ribeirão Preto), além de ser voluntário em um cursinho Pré-Vestibular (CAPE).

O professor conta também com uma página do Facebook onde busca popularizar a Física ao utilizar exemplos da cultura pop e divertidos para os alunos.

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